por Matilde Castanho
“Vamos acabar com o Estado a que chegámos” – a célebre frase proferida pelo capitão de abril, na madrugada da Revolução dos Cravos, adorna a entrada da Casa da Cidadania Salgueiro Maia, em Castelo de Vide, dando-nos as boas-vindas ao museu que honra uma das principais figuras do Dia da Liberdade.
Instalada no interior do Castelo de Castelo de Vide, a Casa
da Cidadania Salgueiro Maia nasce de uma parceria entre a Câmara Municipal de
Castelo de Vide e a Direção Regional de Cultura do Alentejo, cumprindo o desejo
expresso pelo militar, natural da vila alentejana.
“Declaro
que, por minha morte (…) deixo todos os meus bens à Câmara Municipal de Castelo
de Vide, para a respetiva Assembleia Municipal investir num projeto cultural” – Salgueiro Maia, 1989
Com as palavras “liberdade”, “democracia” e “revolução”
evidenciadas no decorrer da exposição, o espaço manifesta, declara e comemora
os seus dois protagonistas em evidência: Fernando José Salgueiro Maia e os
princípios democráticos que estão intrínsecos ao 25 de abril.
O espólio em exibição permite aos visitantes do museu
conhecer mais sobre a vida de Salgueiro Maia, entrando em contacto com
elementos e itens de diversas fases da sua vida, como a infância, entrada
na vida militar, guerra colonial, papel durante a Revolução de
Abril e vivências no período pós-revolução.
Enquanto lemos sobre a entrada do eterno símbolo da
democracia portuguesa no Movimento dos Capitães, no ano de 1973, ouvem-se as
suas declarações, reproduzidas em vídeo, ecoar pelo corredor: “O
mensageiro tem de sair imediatamente. Ou então o quartel será destruído”.
Inscritas na legenda do expositor, as palavras são claras, “vão reunindo
apoios e elaborando o plano para derrubar o regime (…) pela primeira vez, o
capitão sabe que está a combater do lado certo”.
De todas as peças expostas, aquelas que mais carregam
simbolismo não podiam deixar de ser a famigerada farda, que o capitão envergou
nos acontecimentos do dia 25 de abril de 1974, e o megafone com que decretou o
cerco ao Quartel do Carmo, em Lisboa, e obrigou à rendição do Presidente do
Conselho do Estado Novo.
Assumindo-se como um espaço que retrata episódios recentes
da história nacional, a Casa da Cidadania Salgueiro Maia pretende celebrar a
liberdade e a democracia, colocando o holofote sobre um “filho da terra”,
que desempenhou um papel fundamental na construção dos valores de abril.
Um espaço que faz deferência à identidade e à história
portuguesas e homenageia devidamente uma das maiores e mais marcantes figuras
contemporâneas portuguesas.
Casa
da Cidadania Salgueiro Maia
De
terça-feira a domingo | 9h15 – 12h45 & 14h15 – 16h45
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